quinta-feira, 22 de junho de 2017

Dia Mundial do Refugiado - 20 de junho


fonte http://www.acnur.org/portugues/recursos/estatisticas/


Em tempos em que vemos o drama de tantos refugiados buscando abrigo em países europeus, fugindo de guerras e tragédias causadas por disputas territoriais, econômicas, políticas e religiosas - motivo pelo qual celebra-se em 20 de junho o Dia Mundial do Refugiado -  é interessante relembrar aqui alguns fatos passados relativos a essas disputas internacionais por territórios e riquezas, razão de tantas invasões e genocídios que, lamentavelmente, seguem ocorrendo em várias partes do mundo.


Um desses fatos é o suposto discurso do Embaixador Mexicano Guaicaipuro Cuatemoc

Este discurso sobre a dívida externa do México, tem circulado pela internet há muitos anos. No entanto, ninguém conseguiu identificar o tal embaixador nem localizar seu registro em nenhum arquivo. Parece que, na verdade, o discurso foi escrito por Luis Britto García, escritor venezuelano, que o escreveu em homenagem ao Día de la resistencia indígena e foi publicado pelo jornal El Nacional, de Caracas, no dia 18 de outubro de 1990.

 (Fonte: http://www.quatrocantos.com/lendas/110_guaicaipuro_cuatemoc.htm)

O discurso, no entanto, merece ser lido, pois questiona essa dívida e a situação não apenas do México, mas de toda a América Latina em relação ao processo "civilizatório" de colonização e espoliação a que foram submetidos todos os povos desta região do planeta pelos invasores/descobridores europeus.

O Discurso do século

Um surpreendente discurso feito pelo embaixador Guaicaípuro Cuatemoc, de descendência indígena, advogando o pagamento da dívida externa do seu país, o México, deixou embasbacados os principais chefes de Estado da Comunidade Européia. A conferência dos chefes de Estado da União Européia, Mercosul e Caribe, em maio de 2002 em Madri, viveu um momento revelador e surpreendente: os chefes de Estado europeus ouviram perplexos e calados um discurso irônico, cáustico e de exatidão histórica que lhes fez Guaicaípuro Cuatemoc.


O Suposto Cacique - fonte http://www.quatrocantos.com/lendas/110_guaicaipuro_cuatemoc.htm


"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a descobriram só há 500 anos. O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento - ao meu país -, com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão europeu me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu também posso reclamar pagamento e juros.

Consta no Arquivo da Cia. das Índias Ocidentais que, somente entre os anos 1503 e 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.

Teria sido isso um saque? Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento!

Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão.

Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a atual civilização européia se devem à inundação de metais preciosos tirados das Américas.

Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos.

Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva. Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano 'MARSHALL MONTEZUMA', para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, e de outras conquistas da civilização.

Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos?

Não. No aspecto estratégico, dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias formas de extermínio mútuo. No aspecto financeiro, foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros quanto independerem das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.

Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos em cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.

Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça. Sobre esta base e aplicando a fórmula européia de juros compostos, informamos aos descobridores que eles nos devem 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambas as cifras elevadas à potência de 300. Isso quer dizer um número para cuja expressão total será necessário
expandir o planeta Terra.

Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue?

Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para esses módicos juros, seria como admitir seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas.

Tais questões metafísicas, desde já, não inquietam a nós, índios da América. Porém, exigimos assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente e que os obriguem a cumpri-la, sob pena de uma privatização ou conversão da Europa, de forma que lhes permitam entregar suas terras, como primeira prestação de dívida histórica..."

Quando terminou seu discurso diante dos chefes de Estado da Comunidade Européia, o Cacique Guaicaípuro Guatemoc não sabia que estava expondo uma tese de Direito Internacional para determinar a verdadeira dívida externa.


Fonte http://www.quatrocantos.com/lendas/110_guaicaipuro_cuatemoc.htm

"Em julho de 2008, intelectuais da América Latina lançaram Manifesto contra a lei de imigração européia. O manifesto de certa forma corrobora o conteúdo do discurso do cacique inexistente."


Anexo ao artigo
Discurso do Cacique Guaicaipuro Cuatemoc


Manifesto contra a lei de imigração européia

Senhores governantes e parlamentares europeus

Alguns de nossos antepassados, poucos, muitos ou todos, vieram da Europa.

O mundo inteiro recebeu com generosidade os trabalhadores emigrantes da Europa.

Agora, uma nova lei européia, ditada pela nascente crise econômica, castiga como crime a livre circulação das pessoas, que é um direito consagrado pela legislação internacional já faz alguns anos.

Isso não é novo, porque desde sempre os trabalhadores estrangeiros são os bodes expiatórios das crises de um sistema que os usa enquanto precisa para logo depois joga-los na lata de lixo.

Isso não é novo, mas é uma infâmia.

A amnésia, que nada tem de inocente, impede que a Europa se lembre de que nada seria sem a ajuda que o mundo inteiro lhe deu: a Europa não seria a Europa sem a matança dos indígenas na América, sem a escravização dos filhos da África, para trazer à luz apenas um par de exemplos desses esquecimentos.

A Europa deveria pedir perdão ao mundo, ou pelos menos agradecer-lhe, ao invés de consagrar em lei a caça e o castigo dos trabalhadores que chegam a seu solo corridos pela fome e pelas guerras que os senhores do mundo lhes dão de presente.

Desde o continente americano, julho de 2008.


ARGENTINA
Adolfo Pérez Esquivel, Premio Nobel da Paz
Atilio Boron, Escritor
Hebe Bonafini, Madres de la Plaza de Mayo
Osvaldo Bayer, Escritor
Hermana Martha Pelloni, Militante Direitos Humanos
Diana Maffía, Filósofa feminista
Rally Barrionuevo, Cantautor
Claudia Korol, Jornalista, Clacso

BOLIVIA
Eduardo Paz, Professor Universitário
Humberto Claure Quezada, Engenheiro, Editor da Revista Patria Grande


BRASIL
Augusto Boal, Teatrólogo
Afrânio Mendes Catani, Professor da USP
Candido Grzyboswki, Sociólogo do IBASE e FSM
Chico Withaker, Sociólogo, FSM
Emilia Vioti da Costa, Historiadora,
Elias de Sá Lima, Engenheiro
Gaudêncio Frigotto, Educador
Heloisa Fernandes, Socióloga, ENFF
Jean Pierre Leroy, Ambientalista, FASE
Jean Marc Von der Weid, Economista agrícola, ASPTA


Joao Pedro Stedile, Ativista social, MST
Mario Maestri, Historiador,
Pedro Casaldaliga, Bispo, poeta
Renée France de Carvalho, Militante internacionalista
Rita Laura Segato, Antropóloga, UNB
Vânia Bambirra, Economista
Vito Gianotti, Jornalista

CANADÁ
Naomi Kleim, Jornalista, escritora, autora de "No Logo"
Pat Mooney, Pesquisador de tecnologías, Premio Nobel Alternativo.
Michael A. Lebowitz, Professor, Simon Fraser University.

CHILE
Cosme Caracciolo, Conf. Nac. de Pescadores Artesanales de Chile.
Luis Conejeros, Presidente do Colegio de Periodistas de Chile.
Marco Enríquez-Ominami, Deputado
Manuel Cabieses, Diretor da revista Punto Final.
Marta Harnecker, Socióloga, escritora
Manuel Holzapfel, Jornalista
Ernesto Carmona, Conselheiro Nacional do Colegio de Periodistas de Chile
Paul Walder, Professor universitário e jornalista
Pedro Lemebel, Escritor
Flora Martínez, Enfermeira
Alberto Espinoza, Advogado
Tomas Hirsch, Porta-voz do Humanismo para Latinoamérica

CUBA
Aleida Guevara, Médica pediatra
Joel Suárez Rodes, Centro Memorial Dr. Martin Luther King

EQUADOR
Alberto Acosta, Economista, membro da Assembléia Constituinte
Carolina Portaluppi, Escritora
Juan Meriguet Martínez, Comunicador
Pavel Égüez, Artista plástico
Hanne Holst, Feminista
Luigi Stornaiolo, Artista plástico
Osvaldo Leon, Jornalista, ALAI
Verónica León-Burch, Produtora de Vídeo

ESTADOS UNIDOS
Saul Landau, Cineasta
Norman Solomon, Jornalista
Susanna Hecht, Professora da UCLA
Richard Levins, Professor de Harvard
Noam Chomsky, Professor do MIT
Peter Rosset, Pesquisador
Fernando Coronil, Historiador e antropólogo da Universidade de Nova Iorque
Mario Montalbetti, Lingüista e poeta
John Vandermeer, Professor da Universidade de Michigan

HAITI
Jean Casimir, Antropólogo, escritor
Camille Chammers, Economista

MÉXICO
Subcomandante Insurgente Marcos, cidadão do mundo no México
Ana Esther Ceceña, Economista, pesquisadora da UNAM
Felipe Iñiguez Pérez
Maria de Jesús González Galaviz
Pablo Gonzalez Casanova, Sociólogo
Luis Hernández Navarro, Jornalista do La Jornada
Beatriz Aurora, Artista
Victor Quintana, Deputado Estadual e dirigente campesino
Raquel Sosa, Escritora, professora da UNAM
Rodolfo Stavenhagen, Relator da ONU para direitos indígenas
Silvia Ribeiro, Pesquisadora

NICARÁGUA
Carlos Mejia Godoy, Cantautor (compositor y cantor)
Ernesto Cardenal, Poeta, escritor e sacerdote
Gioconda Belli, Poetisa e escritora
Luis Enrique Mejia Godoy, cantautor
Mónica Baltodano, deputada, ex-comandante sandinista
Dora Maria Tellez, ex-comandante sandinista
Sergio Ramirez Mercado, escritor

PARAGUAY
Fernando Lugo, bispo licenciado, Presidente eleito do Paraguay
Marcial Gilberto Congon, pedagogo popular
Ricardo Canesse, engenheiro, parlamentar Parlasur

PERU
Aníbal Quijano, sociólogo, escritor
Carmen Pimentel, Psicóloga, escritora
Carmen Lora, Universidad Católica de Perú
Mirko Lauer, poeta, ensaísta
Rolando Ames, cientifico social, escritor.

URUGUAI
Eduardo Galeano, escritor
Antonio Elias, Economista, SEPLA

VENEZUELA
Maximilien Arvelaiz, Diplomata


fonte: http://www.quatrocantos.com/lendas/110b_cacique_guaicaipuro_cuatemoc.htm




fonte https://oglobo.globo.com/mundo/numero-de-refugiados-no-mundo-supera-60-milhoes-pela-primeira-vez-19541765


O texto do manifesto de 2008 parece bem atual. Infelizmente, vemos barcos abarrotados de refugiados à deriva, sendo empurrados pra lá e pra cá, sem que ninguém os queira receber. Cenas que ficarão pra sempre em nossa memória, de crianças mortas na praia, são um alerta para o mundo. Que mundo é este, afinal? Os números assustam, mas escondem o fato de que representam homens, mulheres e crianças em fuga, em busca de uma chance de sobrevivência.


"O lançamento do relatório “Tendências Globais 2016” da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) foi marcado por eventos no Brasil esta semana que colaboraram para reforçar as contribuições que as pessoas refugiadas podem trazer aos países de acolhida, desmistificando cenários de medo e ameaça notados em alguns segmentos da sociedade global.
Na véspera do Dia Mundial do Refugiado, celebrado globalmente em 20 de junho, a representante do ACNUR no Brasil, Isabel Marquez, lançou o relatório “Tendências Globais – Deslocamentos Forçados em 2016”. A publicação revelou que, do total de 65,6 milhões de pessoas forçadas a se deslocar em todo o mundo no ano passado, 22,5 milhões são refugiadas, sendo a maioria crianças.
Os números refletem o imenso custo humanitário, resultado de conflitos armados, perseguições e violações aos direitos humanos globalmente. Uma em cada 113 pessoas no mundo foi forçada a se deslocar — a cada três segundos, uma pessoa passa por essa situação.
“Os número de fato impressionam, mas não podemos nos esquecer que estamos falando de pessoas, de seres humanos que são profissionais qualificados, crianças com sonhos, mulheres determinadas, pessoas com esperança de encontrar lugares seguros para reconstruir suas vidas com dignidade e respeito, tendo seus direitos assegurados”, disse a representante do ACNUR em discurso de abertura do lançamento do relatório, realizado no auditório da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Governo do Estado de São Paulo".
Fonte: https://nacoesunidas.org/sao-paulo-lembra-dia-mundial-do-refugiado-com-debates-e-eventos-culturais/
Que possamos  ultrapassar  as barreiras que nos distinguem e separam e que possamos nos tornar apenas um povo, habitante/tripulante da Nave Terra, abolindo todas as fronteiras, como imaginou um dia John Lenon em sua canção Imagine.

IMAGINE

Imagine que não há paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum inferno abaixo de nós
Acima de nós apenas o céu
Imagine todas as pessoas
Vivendo para o hoje

Imagine não existir países
Não é difícil de fazer
Nada pelo que matar ou morrer
E nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz

Você pode dizer
Que sou um sonhador
Mas não sou o único
Tenho a esperança de que um dia
Você se juntará a nós
E o mundo será como um só

Imagine não existir posses
Me pergunto se você consegue
Sem necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade do Homem
Imagine todas as pessoas
Compartilhando todo o mundo

Você pode dizer
Que sou um sonhador
Mas não sou o único
Tenho a esperança de que um dia
Você se juntará a nós
E o mundo viverá como um só


IMAGINE

Imagine there's no heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today

Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace

You may say
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will be as one

Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world

You may say
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will live as one




Corrigir


Nenhum comentário:

Postar um comentário